Repasso o excelente artigo sobre o racismo na visão da psicologia:
"Em 2016, a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de
Psicologia (CFP) definiu o tema racismo como preocupação central para o
ano de 2016, abordando temas como a violência simbólica, física e
policial contra os não-brancos do país. Mesmo com a resolução nº 018/99
do CFP, que estabelece as normas de atuação dos psicólogos em relação ao
preconceito e à discriminação racial, os casos de racismo na atuação da
Psicologia ainda persistem. A Psicologia entende que o racismo é
promotor de transtorno mental e adoece.
Expressões, comportamentos e brincadeiras preconceituosas são, na
maioria das vezes, banalizados e reproduzidos sem que as pessoas
identifiquem a ação racista. Na Psicologia, ações como essas podem
repercutir no atendimento ao paciente que procura um profissional que,
muitas vezes, não está preparado para identificar as situações de
preconceito às quais essa pessoa é submetida, repetindo o mesmo
preconceito ao qual essa pessoa foi exposta. Do outro lado, também, são
inúmeros os relatos de profissionais que sofrem racismo por parte dos
pacientes.
A psicóloga Maria Aparecida Bento, doutora em Psicologia e integrante
da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia e do
GT de relações raciais da autarquia, aponta que o cenário de preconceito
se agrava ainda mais quando consideramos a situação das mulheres negras
no Brasil, que hoje representam 25% da população.
“As mulheres negras enfrentam situações ainda bem complicadas em
algumas áreas. No mercado de trabalho há uma grande exclusão das
mulheres negras. Nos últimos censos que tenho feito em grandes empresas,
você tem um desafio para mulheres brancas que é de ascensão, mas há uma
inserção crescente das mulheres em geral que beira, às vezes, 40% ou
50%, mas a média das mulheres negras raramente ultrapassa os 9%. Então,
quando se avança na questão de gênero não estamos avançando em relação
às mulheres negras. O grande desafio é pressionar cada vez mais as
instituições e trazer esse assunto à baila para dizer que é preciso
mudar essa situação de exclusão, de subqualificarão, de
sub-representação”, defende.
Outra situação que expõe a vulnerabilidade das mulheres negras na
sociedade são os dados do Mapa da Violência 2015. O relatório elaborado
pela Faculdade Latino-Americana de Estudos Sociais (FLACSO) mostrou que o
número de mulheres negras mortas cresceu 54% em 10 anos (de 2003 a
2013), enquanto o número de mulheres brancas assassinadas caiu 10% no
mesmo período.
A psicóloga Maria Conceição Costa, doutoranda em psicologia clínica
na Universidade Católica de Pernambuco, aborda outros dois aspectos que
revelam outras formas de discriminação às mulheres negras, naturalizados
em nossa sociedade. Ela defende a regulamentação da comunicação pelo
Estado para cobrar dos veículos de comunicação uma postura de não
promoção e reprodução do racismo.
“A mídia brasileira, especialmente falando das televisões e dos
jornais impressos, ainda coloca a mulher negra, a pessoa negra, numa
situação muito degradante. Nas novelas, as mulheres negras estão nos
papeis de empregadas domésticas, de babás, quando avançam um pouquinho
são professoras. Ainda é um aspecto forte do racismo que precisamos
combater, porque para a mulher negra ainda são dadas as piores posições
de trabalho. Isso fica no subjetivo das mulheres negras, mas também das
meninas; se o Estado brasileiro não regulamenta a sua comunicação e a
sua mídia, isso vai demorar a acabar. E é obrigação do Estado
regulamentar, nenhuma televisão pode degradar nenhuma figura de mulher
ou homem negro. A mídia, de um modo geral, eles precisa ser
regulamentada porque mantém e reforça essa estrutura perversa que é o
racismo brasileiro”, defende.
Em 2015, diversas psicólogas negras de todo o Brasil participaram, em
Brasília, da Marcha das Mulheres Negras. Durante o evento, que teve
como tema “Contra o racismo, a violência e pelo bem viver”, as
psicólogas denunciaram que o racismo é causador de transtorno psíquico e
adoece.
A RádioPSI preparou um especial para abordar temas que são
prioritários no debate sobre Psicologia e mulheres. Veja a programação
da rádio e ouça esta e outras entrevistas: http://site.cfp.org.br/multimidia/radiopsi/
Artigo no site:
Esse blog foi criado para divulgar a psicologia através de artigos, vídeos e poemas sobre a essência da vida, sobre olhares sobre a vida, sobre a sociedade, sobre o humano,sobre a saúde emocional, sobre o que nos afeta, sobre como podemos nos afetar e afetar. Seja Bem vindo(a)!
terça-feira, abril 19, 2016
O racismo é promotor de transtorno mental e adoece
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